7 de julho de 2013

NORONHA: UM DOS LUGARES MENOS INDICADOS PARA UM YOGI



HUMBERTO MENEGHIN
fotos pelo autor

Parece contraditório afirmar que o arquipélago de Fernando de Noronha, situado nas águas brasileiras do Oceano Atlântico, não seja um dos lugares mais indicados neste planeta para quem se dedica aos estudos e a prática do Yoga. Indiscutivelmente com paisagens de tirar o fôlego, águas límpidas e transparentes em suas conhecidas e famosas praias, paraíso dos surfistas, Noronha já pode ter sido um lugar propício para um Yogi, num passado muito distante; no entanto, hoje em dia, esse arquipélago ecologicamente preservado e em parte sustentável na verdade tornou-se um local onde a indústria do turismo impera.




Não há nada de errado em explorar o turismo em lugares extremamente atrativos, mas, no caso de Noronha, vários pontos podem desanimar muito o visitante que não terá a mínima vontade de retornar. Dentre eles:

Preço abusivo da passagem aérea e para voar com milhas o requerente ainda tem que ter a sorte de encontrar a data que deseja viajar.

A altíssima taxa de preservação que se paga logo no desembarque no aeroporto, na base de quase R$ 40,00 por dia.

A nova taxa referente ao Parque Nacional que foi criada em 2012, para brasileiros está em R$ 65,00, estrangeiros o dobro, válida por dez dias. E, ainda para ir à Praia do Atalaia só pagando um tour à parte, pois essa taxa que deveria permitir a visita não é levada em conta e o visitante fica à mercê das operadoras locais cujos guias lá se encontram para impedir drasticamente o acesso.

Pousadas absurdamente caras em suas diárias, preços comparados a um bom hotel em Londres e nem sempre correspondem ao que se paga e a água para o banho pode faltar.

Passeios na base de R$ 240,00, seja em barco, Ilhatour, etc, sem contar o batismo-mergulho que beira os trezentos para mais.

Refrigerantes, água e produtos alimentícios com preços na base de Euro. Os restaurantes por kilo nas imediações da praça Flamboyant adotam o mesmo valor/kilo de um bom restaurante self-service de São Paulo. A variedade não é muita no bufet, a reposição fica bem a desejar e um prato atrativo que foi oferecido no início e terminou raramente retorna.




Muita gente, isto é, muitos turistas, apesar de tudo; que num passeio de barco disputam lugares para fotografarem um grupo de golfinhos.





E o barulho dos motores dos buggys dirigidos pelos turistas doem aos ouvidos.

Logicamente quem vai a Noronha pela primeira vez pode ficar muito deslumbrado e não ligar a mínima para os gastos e o incômodo. Mas, para quem já foi algumas vezes e retorna, o ponto de vista se modifica muito e a expectativa de antes não é a mesma de agora.




A Vila dos Remédios poderia ser uma localidade melhor tratada e pavimentada pelo tanto de tributos que arrecadam. No entanto, não desprezando as belezas naturais de Fernando de Noronha, aquele que se dedica à prática do Yoga e também ao estudo, se os pontos listados acima não forem considerados tão relevantes assim, poderá encontrar alguns lugares na ilha que irá facilitar a introspecção e a meditação.



Protegendo-se devidamente do Sol, esses points são indicados:




Praia do Leão – a maioria dos turistas não adentram até o final da praia, pois permanecem lá em cima, no início, apenas observando a paisagem, fotografando e ouvindo o discurso decorado dos guias. Mas, para aquele que deseja ter um local privilegiado em contato com a Natureza e, sobretudo o Mar, se for bem para o final da praia poderá se isolar próximo a algumas rochas ou à cabana do Ibama, que parece estar sempre fechada, para aproveitar a sombra. 




E, estando por lá, o praticante além de contemplar o Mar por algum momento pode realizar alguns pranayamas, concentrar-se nos sons das ondas e de alguns pássaros para tentar buscar a meditação.




Praia da Conceição – mesmo sendo uma praia central, se você procurar permanecer nas proximidades da estátua de Iemanjá, poderá encontrar um local adequado para retirar-se. A vantagem da Conceição é que o boiar nas suas águas pode trazer um relaxamento agradável, pois as ondas não são tão fortes quanto das outras praias. No entanto, os turistas-banhistas estão por lá.




Buraco da Raquel/Air France – próximo ao porto e o museu do Tubarão, indo mais para frente, apesar de vez em quando aparecer um ou outro turista, aquele que busca o contato com si mesmo poderá se refugiar numa área coberta, não conservada, para sentir a brisa, respirar, contemplar o Mar e ainda ouvir o soprar do vento nas flautas bambus colocadas no grande gramado. E, se tiver tempo subir a colina até à capela.




Muitos que praticam Yoga, em especial as yoginis, utilizam vários cenários de Noronha para tirarem várias fotos enquanto demonstram posturas de ásanas







A paisagem realmente é propícia e muitos poderão achar o máximo. Mas, se formos considerar racionalmente os pontos que provocam certa agitação na mente daquele que busca o sossego, ir para Noronha não vale a pena; a não ser que se tenha muita vontade de conhecer o arquipélago; caso contrário viável é tomar outro destino. O Hawaii não é lá de jeito nenhum.

Harih Om

Nenhum comentário:

Postar um comentário