15 de maio de 2016

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! PARTE 37




HUMBERTO J. MENEGHIN


“Aí! A Carol Leite taí! ”– disse Lili – “Mas, quem é a Carol Leite? ”– perguntei enquanto íamos para a prática da manhã. “Nossa! Você não sabe quem é a Carol Leite? ” Perguntou Lili. E não deixando que eu respondesse, logo foi dizendo: “Carol Leite, mestra em meditação, tem canal bombando no YouTube. Amoooo!”
 
Chegamos atrasadas à prática de Yoga que o Tércio Natércio Couto estava ministrando no salão principal do mosteiro. Foi difícil achar um lugar para estendermos os tapetinhos, mas logo o Nenê apareceu e foi nos acomodando num canto próximo à parede, mais à frente.


A Claudinha e a Simone estavam bem a nossa direita, com os olhos fechados, concentradas nas palavras que o Tércio Natércio Couto dizia, enquanto a Silmara, aquela que conduziu a meditação pela madrugada, emitia umas notas num acordeão.


Lili me deu uma leve cotovelada, dizendo em voz baixa: “Ela alí, a Carol”. Então, percebi que ela estava bem próxima, quase vizinha de onde estávamos, um pouco mais a frente.


A Carol Leite, uma moça até que alta, na faixa dos trinta, usando um shorts jeans desbotado e desfiado e um top lilás. O cabelo estava solto, cabelão mesmo. 


Então, percebi uma mão sobre o meu ombro direito, voltei-me para trás e logo soube quem era: o Wilson! Um sujeito pegajoso que havia trabalhado comigo há tanto tempo, que jamais poderia imaginar que fosse encontrá-lo num retiro como aquele. Ele me enviou um namastê, eu um sorriso sem graça ouvindo ele dizer que depois conversaríamos.


Tércio Natércio Couto parece que olhava diretamente para nós, incomodado por termos conversado. Então, ele começou a dizer: “ O Yoga não tem fim, o Ser está embutido em você, na pessoa que está ao seu lado, na irmã que está preparando a nossa comida, naquele que recolhe o lixo. Hoje em dia, despreza-se o pedinte, aquele que pede esmola, uma ajuda e dá-se mais atenção ao seu bicho de estimação. E aquela que está no ponto de ônibus, quem faz essa reflexão. ” –Silenciou para depois continuar: “Balásana, a criança abandonada. Aterrem-se na balásana para humildarem-se, comunidade amada!!! Respirem deixem o cachorro de estimação ir surgindo dentro de ti .... A Luz do Ser vai desfazendo as amarras do Ser, diluindo toda a blindagem que tu carregas dentro de ti...”


E, a prática foi prosseguindo enquanto Tércio transitava por entre nós no salão, ajustando praticamente todos nas posturas, com o auxílio da Silmara e do Nenê. Então, chegou a hora do relaxamento. Todos deitados ouvindo as palavras de Tércio seguido pelo som que Silmara fazia com o acordeão. Desapareci, me senti muito relaxada e ausente. Acho que dormi, então quando me dei conta, todos já estavam falando alto, se agitando de um lado para o outro para eu notar o Tércio dizer ao microfone: “ A querida Carol Leite está conosco, que honra enorme, Carol amada!!!! Voltamos às nove, minhas amadas, meus amados!”


“É a impermanência! A impermanência! ” – Ouvi Wilson, dizer atrás de mim; lembro que ele sempre dizia essa palavra para mim no tempo em que trabalhávamos juntos, que ele era budista ... que tinha compilado um livro tão confuso que havia me dado para ler ... sobre budismo, mas era muito chato e incompreensível!


Então, percebi que a Claudinha, a Simone e a Lili tinham cercado a Carol Leite fazendo vários selfies com ela. Pela minha esquerda, a Gaby Ruiva surgiu dizendo, de repente: “O ontem está dentro do amanhã e o amanhã está dentro do ontem! ”

Harih Om!



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